“Tá com medo? Apodrece em casa”, diz bolsonarista
“Vocês, cagões, fiquem em casa!”
Brazil. Com “z” para lembrar a todos nós que ele nunca perdeu o pensamento colonizador. E embora as ciências naturais sejam a mais requisitadas no atual cenário tem uma coisa que a ciências humanas explica muito bem sobre esse momento.
Esse momento é um bom momento para pensar. Sei que a quarentena, o isolamento social, o distanciamento de corpos e do mundo lá fora nos faz pensar demais, mas vamos tentar organizar tudo isso que está acontecendo.
Ficou claro para nós que o covid-19 pode atingir todos mas nem isso nos faz ser iguais, certo? Enquanto há pobres morrendo em casa, enquanto há pobres morrendo em filas de espera nos hospitais do Brasil, há ricos sendo atendidos em UTI móvel aérea (clique aqui) tudo isso por conta da irresponsabilidade de três empresários que não respeitaram o isolamento orientado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), eles, com medo de morrer no atendimento daquele hospital no Pará, desembolsou cerca de R$ 120.000,00 para serem levados até os hospitais mais renomados da rede privada em São Paulo. E é isso que não nos faz iguais a eles, eles sabem que há uma infraestrutura que farão com eles sobrevivam, logo a mesma farão com milhares de pobres morram.
O belo resumo disso é no começo da “era covid-19” aqui no Brasil, sabíamos que os maiores casos estavam na classe média alta, aliás, ainda está, como mostra essa matéria da Uol (clique aqui):
“O bairro de Brasilândia, na zona norte de São Paulo, contabiliza o maior número de mortos pelo novo coronavírus na cidade. São 67, segundo levantamento divulgado pela prefeitura. O número é quase dez vezes maior do que a quantidade de óbitos no Morumbi — sete — , bairro nobre na zona sul, que é o que tem mais casos registrados: 332. No Brasil, de acordo com dados divulgados pela ONG Rede Nossa São Paulo, o fator de risco para que a covid-19 seja fatal é o endereço.”
Isso não quer dizer que apenas a classe média alta do Brasil está furando a quarentena, isso quer dizer que mesmo que a classe habitante das periferias é que está morrendo. Por diversos fatores ela é a escolhida para morrer.
Como muitos da classe que vai morrer se deu conta, fez com que tomassem medidas, como foi o caso da Favela Paraisópolis, aqui em São Paulo, eles montaram 60 bases de socorro com ajude de financiamento coletivo para dar atendimento aos moradores dali, pois como sabemos, a ambulância demora para chegar ali, lembram-se do caso dos jovens mortos por policiais durante o baile funk? Pois é, eles sabem o risco que eles correm (clique aqui).
“A gente tem visto em alguns lugares do mundo que os corpos têm sido abandonados pelos seus parentes e a gente não quer viver essa situação.”
Isso também acontece com quem sempre foi invisível, quem mora na rua como faz quarentena? (clique aqui). Eles estão morrendo, senhora bolsonarista do vídeo. E eles estavam onde você estava fazendo sua caminhada: na rua. A diferença é: tenho certeza que quando você chega em casa você toma banho, se limpa, troca de roupa e têm a empregada doméstica fazendo os serviços por você, não é? Tudo bem colocar a vida de outras pessoas em risco, desde que não sea a sua e dos seus, mas se caso der uma merda, você tem dinheiro que compre a sua saúde de volta, certo?
Eles, os ricos, tem seus investimentos, são os que exploram a classe trabalhadora através da mais-valia, são eles que exploram o dobro a empregada doméstica e fazem o governo colocar como serviço essencial porque não querem cuidar da sujeira que eles mesmos fazem, depois vem pregar individualismo (clique aqui).
A lógica escravista segue no Brazil e ela nunca fez questão de se esconder como vocês podem ver clicando nesse vídeo. Não importa o que aconteça mais, são só números e eles não pagam para ver porque eles não se importam.