Tudo para ontem (2023): eu e toda geração ágil que se sente atrasada

gi del fuoco
3 min readFeb 14, 2024

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Sei que faz tempo que não escrevo resenhas sobre o que assisti. Essa pausa não ocorreu porque parei de assistir coisas, muito pelo contrário, vi muitas coisas interessantes, outras nem tanto, e algumas que são apenas para mim, e nessas últimas não compartilho com vocês. De qualquer forma, foi muito bom ter dado uma pausa na produção de conteúdo. Consegui cuidar de mim mesma, ver as coisas de forma mais proveitosa.

Então, para retomar com as resenhas que tem por aqui, vou começar com uma série que me acolheu bastante. Dizem que é uma série jovem, mas eu sou jovem, né? Embora muitas de vocês não saibam (risos).

Tudo para ontem é uma série escrita por uma mulher, a Ripley Parker.

Imagem: Site Oficial da Netflix

Eu gostaria que a Gi quase adulta tivesse tido mais oportunidades de assistir coisas assim, mas naquela época ela não tinha os mesmos recursos que tem hoje, que embora sejam poucos, têm sido suficientes para aproveitar o tempo.

E essa série tem tudo a ver. Descobri ela por causa da atriz, Sophie Wilde, que interpreta a Mia. Ela fez um filme de terror que eu amei, mas não vou mencionar o nome aqui, porque ainda estou pensando se devo escrever uma resenha só para ele, mas bom, vamos lá?

Estou enrolando propositalmente, para vocês verem como o tempo tem sido uma coisa importante para nós — queremos tudo aqui e agora, né?

Você é assim?

O que são sete meses? Parece pouco, né? Mas para alguém em constante transformação, não é. E assim é a vida de quem está se tornando adulta. Um mês já muda tudo, quem dirá sete meses.

A protagonista, Mia, sai de uma clínica psiquiátrica para tratar um distúrbio alimentar — anorexia. Quando volta, tudo está diferente: sua casa, sua família, seus amigos… ela se sente deslocada.

E assim é a vida. Quando somos jovens, não queremos sentir esse deslocamento, essa exclusão; temos medo da solidão, se é que um dia a conhecemos verdadeiramente, e Mia retrata isso muito bem. Por isso nos envolvemos com os outros, fazemos de tudo para evitar esse deslocamento, mas Mia não teve escolha; afinal, ela estava internada.

Assim que ela volta, ela sente isso. Embora todas as atenções estejam voltadas para ela, afinal, ela é a “doente”, com o corpo frágil, ela percebe que a vida parou por ter que se cuidar.

Isso me impactou profundamente: quantas vezes não cuidamos de nós mesmas porque tememos que a vida pare? Mas uma vida em que estamos doentes é realmente uma vida?

Talvez não seja.

Mia sente isso com todo o seu corpo, mas volta à estaca zero — começa a fazer tudo o que os outros já estavam fazendo para não se sentir excluída. Começa a desejar viver as experiências que seus amigos estavam vivendo ou tinham vivido. Tem algo de errado nisso? Para mim, é óbvio, não mesmo. Está tudo bem não querer se sentir deslocada e desejar experimentar coisas que você ouviu falar, especialmente quando está iniciando a vida.

(e nós iniciamos a vida muitas vezes…)

Mas até que ponto isso é genuíno interesse? Viver tudo aqui e agora e ainda se sentir atrasada? A pergunta é: por que estamos vivenciando tantas coisas e a satisfação não chega?

Queria ter uma resposta menos complicada para isso, mas a verdade é que não tenho.

Realizar desejos está relacionado a questões sociais, mas também pessoais. A verdade é que realizar desejos está ligado a recursos e oportunidades.

Então, aqui, fujo um pouco do tema do filme (ou não, já que foi ele que me fez refletir): quais desejos você sabe que nunca serão realizados?

Esses desejos são seus ou são influenciados por outros? Pelo ambiente? Pela suas escolhas?

É algo complexo de se pensar, mas quando refletimos sobre isso, a vida se torna mais leve. Pois sabemos o que realmente nos pertence e o que é de outros.

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