Secreto e Proibido (2020): o amor entre mulheres cura e por isso a humanidade o condena

gi del fuoco
3 min readAug 13, 2021

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O amor entre mulheres cura e por isso a humanidade o condena. A sociedade nos quer doente, essa sociedade patética em misoginia que dá flores para mulheres como a solução de algum problema. Mas qual é o problema? Ser mulher? Tenho certeza que sim. Nós somos um problema enquanto mulher e mulheres que amam outras mulheres, ou seja, mulheres lésbicas, são vistas como um problema ao quadrado. Digo, insistem em dizer que há algum problema e que só a classe de homens podem resolver e, essa classe de homens, pode estar representada de diversas formas, maneiras e jeitos em qualquer sociedade.

Bom, no caso do documentário o que demonstra isso é a institucionalização dos cuidados para com a mulher. É óbvio que Terry Donahue e Pat Henschel se amam e se cuidam a todo tempo. Mas diferente do amor entre mulheres e homens, aquele amor onde o homem é que tem que se sentir amado e a mulher “se sente” amada pelo amor que ela dá ao homem, alguns ali ao não verem isso, não entendem, tanto que insistem em acreditar na mentira de que elas são “apenas amigas”, mesmo estando juntas há mais ou menos 70 anos.

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O que também mostra como a instituição destrói propositalmente a história de amor entre as mulheres é começarem a contar os anos juntas a partir da data em que elas assumem um matrimônio, quando em estórias de amor hétero o casamento é o final de toda uma vida juntas. Enfim, é o objetivo.

Isso prova que a única união possível de romper com as instituição é uma relação lésbica quando se recusa ao matrimônio. Mas como viver assim?

No documentário fica claro que passar a vida escondendo-se (até mesmo para si) é doentio. Quantas mulheres você conhece que morreram mesmo vivas? Quantas mulheres são um apenas um corpo desocupado sem ocupar qualquer espaço? Quantas mulheres só foram até ao “e se”? Quantas mulheres acharam que se mataram mas, na verdade, foi o outro que matou-a? Quantas mulheres?

O mundo nos deseja morta desde quando nascemos. Digo isso porque você não é permitida viver para si, você é condenada a viver pelo outro. Ser mãe. Ser esposa. Ser viúva. Ser avó. Ser a musa de alguém. Quem consegue te ver além disso? E quando você sobrevive um bom tempo contrariando o chamam de “lei natural da vida” como é o caso da Pat e da Terry, quem é você na velhice? Aliás, pergunto, quem você foi criança? Quem você adolescente? Adulta? Essas versões existem e resistem aí ainda ou tempo movido pelo status quo fez questão de matar? Fica claro que Terry e Pat lutou todos os dias para terem suas memórias vivas, cometendo fugas dos bares lésbicos nos anos 40/50 e também rasgando suas assinaturas de suas cartas. Você consegue ver a crueldade nisso? Quantas mulheres lésbicas podem existir por muitos anos sendo o que resistem todos os dias para ser? Como elas chegam até aqui?

O documentário está na Netflix.

Lembrando que Agosto é Mês da Visibilidade Lésbica | Apoie mulheres lésbicas por onde quer que estejam.

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Abraços,

@historiadora.radical

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Written by gi del fuoco

Como me ensinaram a linguagem, vou usá-la afiada.

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