Pornografia e quarentena
Pornografia e quarentena: o que tem a ver?
Já sabemos que a PornHub liberou por alguns dias o acesso premium para os países que estão em quarentena devido ao covid-19. Assim como os canais Telecine e assim como os canais Discovery. E vocês podem perguntar “não é a mesma coisa?”
Não, não é a mesma coisa.
Primeiro porque a pornografia é entendida como sexo por muitas pessoas. Mas ela não é sexo, ela é uma indústria que precisa ser distribuída, logo consumida para assim ser lucrativa. Tenho certeza que cinéfilos adorariam ter livre acesso ao Telecine e ao seu streaming, assim como fãs de ciência gostariam de ter livre acesso aos canais malucos da Discovery, nem que seja para maratonar “Alienígenas do Passado” (cabe dizer, esse programa é um desserviço para historiadoras e historiadores sérios).
Assim como cinéfilos podem se inspirar em ter seu estilo baseado em filmes de arte, ter seu cabelo igual o da Anna Karina em Vivre sa vie do Godard ou ter totalmente seu emocional abalado depois de assistir filmes ou séries ou aquela que é fã de ciência e resolve fazer o experimento de caçar óvnis depois que assiste aquele programa “Observando óvnis ”da Discovery Channel. Percebeu? Ambos os casos foram influenciados, tanto em aspectos de açõesb quanto em aspectos emocionais. Então adivinha o que a pornografia faz com quem assiste?
Ela tem grandes influências sobre você.
Como homem você pode se tornar um viciado de primeira, porque a maioria da pornografia é feita para o homem, já que eles são 70% do público segundo pesquisas da PornHub em 2017. Ou ter problemas maiores a longo prazo, como ejaculação precoce, ejaculação retardada, broxar com grande frequência, não conseguir ter relações com pessoas reais ou até mesmo ter vicio em masturbação. Você pode saber mais nesse estudo feito por um cientista da Havard, clique.
Ah, claro que há mulheres que consomem pornografia, isso pode causar nela problemas parecidos como citado acima, mas voltado para o sistema reprodutor da mulher.
Também há um caso que acontece tanto para o homem quanto para mulher: problema de autoimagem, claro que para mulher desde pequena ela é ensinada a ser super hiper mega bonitinha e deve receber aprovação de terceiros, logo é muito pior para com a mulher, mas no decorrer dos meus estudos sobre pornografia e conforme os homens foram falando comigo sobre, notei que vários deles dizem ter problema de autoimagem, ou melhor, autopênis, muitos deles por não ter o pênis parecido com o do homem lá da pornografia não conseguia ter relações com qualquer outra pessoa.
E é sobre isso que quero dizer, com o isolamento social, com a falta de sexo, mesmo sexo não sendo um direito universal e mesmo tendo vontade dele é completamente controlável (lembrando que masturbação não é sexo, sexo é uma relação que envolve mais de uma pessoa), a pornografia se torna um escapismo gigantesco, não é?
Vou descrever algumas coisas que observei desde o começo da quarentena:
Muitos homens começaram a falar mais de pornografia em suas redes sociais, justamente porque a Pornhub liberou o livre acesso ao premium e todo mundo achou vantajoso compartilhar a notícia, parabéns, você fez propaganda gratuitamente para a 2ª indústria mais capitalistas do mundo, a 1ª é a indústria de armas.
Logo, crianças podem ter tido o primeiro contato com a pornografia devido seu compartilhamento sem crítica alguma, mas apenas incentivando o consumo. Sabe quantas crianças são expostas a esses conteúdos e depois tem problemas sexuais na vida adulta? Além disso facilita os abusos, pois ela vai entender que se está na TV, no computador, no celular, objeto comum ao cotidiano, então não tem problema algum. Siga a página da psicóloga Leiliane Rocha para mais informações.
Outro ponto é que logo no fim da primeira semana de quarentena no Brasil, subiu hasgtags no Twitter de doer o coração. Onde usuários da redes, independente se é +18 ou não, pois também sabemos que embora a pornografia seja +18, qualquer um tem livre acesso, estavam postando nudes e seminudes e isso incentivado pelo números de “curtis” ou “rt” que aquela foto gerava, quanto mais mostrava mais “amei” ganhava. Isso publicamente. Isso para qualquer um ver, fiquei dois dias vendo isso; a maioria das fotos eram de meninas e mulheres jovens e ingênuas que nunca imaginou que essas imagens podem parar por aí e ser usadas como bem quiserem usar, inclusive parar em site pornográfico ou em site de vendas com as famosas “pack de nudes”.
E isso mostra o poder de algumas coisas, dentre elas, insegurança, a mesma que pode ser aprofundada com o consumo da pornografia. Ficou claro para mim que aquelas moças e aqueles moços (mesmo quem em menor número) queria chamar atenção, mas para além disso, aprovação.
Aprovação de que seus corpos estão em perfeito estado, ou melhor, no melhor padrão que se pode apreciar. Para aquelas que mais alcançavam esse padrão esquematizado e já aproveitado pela pornografia e anteriormente pela Playboy ganhavam mais “likes” e isso fazia com que elas postassem ainda mais fotos cada vez pornográficas. As fotos não tinham nada de mais, eram bundas, peitos, vaginas e pênis. Sem perceber se prostituíram por likes e aprovação de desconhecidos, principalmente quem mais sofre com insegurança; mulheres.
Essas fotos devem estar salvas em celular de fulanos do outro lado do país, mas o que fazer? A indústria pornográfica ajudou direitinho a fazer essa distribuição, afinal ela também influência lembra?
Outro ponto é: se alguém publicar as imagens por aí, nem podem dizer que é crime cibernético, porque foi a pessoa mesma que publicou. Inclusive, sobre isso, evite enviar nudes para desconhecidos e com o rosto. Queria poder dizer: não mande nudes, mas isso foge do controle. Logo, tome precauções. É sua imagem em jogo, num grande jogo, um enorme lobby que gosta de explorar essas ingenuidades que são socialmente construídas.