Pornhub — Sexo Bilionário (2023): Sim, a pornografia facilita a violência patriarcal, logo se torna responsável

gi del fuoco
4 min readMar 20, 2023

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Primeiro, não achem que é algo “revolucionário” termos narrativas de todos os jeitos em streamings. Logo, termos um documentário que tenta denunciar a Pornhub é só mais uma parte da falsa democracia que vivemos onde é possível acreditar que há espaços para todos, coisa que o capitalismo sabe fazer muito bem, né? Logo, o documentário pode até apresentar uma crítica à pornografia, mas isso não significa um combate à pornografia. Sabendo disso, vamos lá?…

O mundo é dos homens, né? Impressionante que essa frase é jogada na nossa cara todo santo dia de diversas formas diferentes, mas quando o assunto é pornografia fica ainda mais clara e violenta. O documentário busca mostrar que, sim, a pornografia lucra e que, sim, sites de hub como é o caso da Pornhub (centro da pornografia) facilita muitas violências, aqui gostaria de evitar usar a palavra crime, porque quando usamos esse conceito se torna algo muito hermético e eu gostaria de evitar isso. Quero falar de uma forma que reemete mais o cotidiano, assim como as coisas acontecem na Pornhub — violência cotidiana.

Bom, sabemos que a Pornhub tem como seus donos três homens, e a Pornhub é gerenciada pela MindGeek uma empresa de tecnologia que gerencia diversos canais de pornografia online. Então, na Era da Internet a pornografia é um negócio, mas para profissionalizar ainda mais o ramo ela é tecnologia. Pornografia hoje é considera tecnologia. E trabalho. E é essa última parte que quero discutir, por que a pornografia é vista como trabalho, defendida como trabalho, mas a todo momento vemos que os donos das empresas “do ramo da tecnologia” não tem relações com quem está empregado/a? Ou seja, o que quero dizer é o seguinte: sabe quando você se candidata à uma vaga? O que você faz? 1)Vê a vaga? 2) Envia seu currículo, portifólio etc? 3) Aguarda a seleção? 4) Faz a entrevista? 5) Fazem algum tipo de contrato de trabalho? 6) Inicia o trabalho?

Mas é assim que acontece nas plataformas de pornografia?

Não! Você é considerada “profissional do sexo”, mas você depende 100% de você para lidar com isso tudo. Logo você se torna “criadora de conteúdo sexual”, “trabalhadora do sexo”, “empreendedora do sexo”, enfim… nasce inúmeras nomenclaturas para evitar uma coisa: o vínculo e a responsabilidade que a empresa terá com você, afinal, você posta um vídeo ali por que quer, não é? Mas você sabia que a maior parte do conteúdo da Pornhub não vem de perfis verificados? Isso significa que você pode estar, de fato, assistindo estupros, assistindo vídeos como “pornrevange”, ou seja, pornografia de vingança que é quando o vídeo é exposto pela simples exposição para alguém se vingar. Ou seja: a pessoa que pode estar ali pode não ter consentido o vídeo estar ali, sabia? Além disso, por mais que a Pornhun venha deletar o vídeo, pode ser que outros usuários assinantes tenham já o downloaod e com isso o vídeo possa ser postado de novo, de novo e de novo… e é o que acontece com alguns casos apresentados ali no documentário. Então, pergunto: quem está lucrando com tudo isso?

Você sabia que os trabalhadores/as da MindGeek são obrigados/as a ficarem vendo vídeos para saberem se pode continuar na plataforma ou não? São cerca de 15 pessoas fazendo isso para um dos sites mais acessados do mundo! Ou seja, temos pessoas trabalhando em ver vídeos que podem ser de estupros, que pode ser de pedofilia (por que como garantir num olhar que aquele vídeo é de uma maior?), que pode ser ou não ser porn revange??? Tem noção? Imagina agora a maior indignação do mundo sendo colocada nesse texto. E o que a empresa faz? Denúncia quando encontra crimes, suspeita de crimes? Que nada! Apenas deleta do site para que não sejam penalizados. Ou seja, mais uma vez a pornografia facilitando e ignorando os abusos… por que, a exclusão disso, não garante que outros usuários tenham acesso, como por exemplo, ter feito download para seu telefone móvel.

Fico imaginando os vídeos com títulos: “Estuprando minha nor*”, um exemplo que dói, né? Mas como provar que aquilo de fato não é um estupro? COMO PROVAR? Existem crianças tendo seus abusos expostos naquela plataforma, desculpe, mas isso me embrulha o estômago.
Recomendo que vejam essa matéria da New York Times “Crianças da Pornhub”. Você já parou para pensar que vídeos de crianças estão circulando por aí e há um grupo de 3 pessoas lucrando com isso?

Como você se sente com essa informação? Ainda acha que pornografia é uma questão individiual e de privacidade?

“Ah, mas não são os donos postando!” Sim, não são. Mas quem lucra com quem posta? Independente do que posta, mas inclusive o que posta?

Assistam ao documentário, apenas. Lembrando que há inúmeros gatilhos, é um conteúdo sensível.

Eu não consigo falar tanto mais disso, porque é um assunto muito sensível e o ódio que eu estou sentindo permite que o texto se encerre aqui.

A pornografia mata… mas antes ela educa pessoas que violentar corpos é normal.

Deixem suas palminhas +50 para o texto circular por aí!

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