Documentário Lorena (2019): o legalismo não serve às mulheres
Não é novidade que a televisão adora mostrar de uma maneira romantizada as opressões que as pessoas sofrem, não só no caso de mulheres, mas nos do negros também, por exemplo. O mais interessante aqui é a narrativa além de traçar um crime sexual contra só Lorena cometido por John Bobbitt, também mostra o racismo nas mídias por ela ser colombiana em terras estado-unidense, grande trabalho de Jordan Peele também.
Não há nada de impressionante no documentário, é a mesma narrativa, dessa vez com um bônus a imigrante ilegal que queria cidadania e a única de sua família a conseguir. E é isso que quero chamar atenção aqui.
Vocês devem saber da minha crítica à instituição casamento, pois até em território nacional com alguém de sua mesma origem ele pode ser violento para com as mulheres, aqui não foi diferente, mas existe um fator maior: ela é imigrante ilegal. Bem como diz Emma Goldman o amor não precisa ser sustentado por um casamento, mas a subsistência de algumas mulheres ainda é refém desse tipo de mecanismo institucionalizado há séculos na sociedade. Sempre me questiono: “como as mulheres ainda podem casar?”.
A solução para que isso possa deixar de existir seria a extinção total da ideia ideológica que precisamos casar para nos manter vivas. Mas entendo, dividir despesas é economizar, como é o caso de Lorena, imigrante ilegal.
Além disso, ela se casa com o modelo de homem branco bem-sucedido, mas, na realidade, é um fracassado, tanto que o documentário para favorecer Joe Bidem, mostra que John Bobbitt é um trumpsta fanático. O que isso tem a ver? Joe Bidem também não é flor que cheire. Mas mostra que ele aprovou um lei que favoreceu às mulheres legalmente na Pensilvânia, a ideia do estupro marital, onde começou o debate nos anos 90 sobre a saúde mental da mulher que sofre abuso, interessante? Sim. Mas do que adiante se no fim a vingança de uma mulher será vista como mero problema mental?
Homens que usam da autodefesa são considerados loucos?
O documentário fez certo, assim como está certo no documentário “Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime”, o judiciário poderá fornecer leis, mas não será nada radical, estão para reformas para continuar existindo.
Mesmo ela sofrendo constantes estupros, violências, medo, solidão: vamos analisar cada comportamento dela para saber se não foi um crime premeditado.
COMO UMA MULHER PODE FAZER ISSO?
Ela matou John? Não.
Arrancou seu pênis.
Mas, ao contrário do que acontece com mulheres, ele se tornou uma estrela da pornografia, o documentário deixa claro que ele foi explorado pela indústria, pois as visualizações dele eram altas devido ao caso que resultou numa reconstrução peniana.
Isso me faz pensar uma coisa: fica claro que nos vídeos que ele fizera para a pornografia não é ele sendo violentado ou até mesmo vingado. É ele cometendo crimes contra outras atrizes ali, há uma parte muito asquerosa no documentário que mostra uma cena, mesmo censurada, onde ele diz: “venha cá ser minha Lorena!”.
Homens violentos não são homens doentes, são homens saudáveis pelo patriarcado.
Mesmo ele sendo acusado por cometer inúmeras violências ele reproduziu isso na pornografia. Defensores dirão: mas não é real, são atores.
Ah é? Tem certeza?
Certeza mesmo?
— — —
DEIXE +50 PALMINHAS PARA O TEXTO TER MAIOR CIRCULAÇÃO
BEIJOS CIENTÍFICOS
@HISTORIADORA.RADICAL