A série “por trás dos seus olhos” (2021) e a misoginia enrustida
Sim, a série é sobre misoginia.
Assisti a série tem mais de um mês e decidi não escrever sobre ela, primeiro, porque tem muita cena de sexo desnecessária, segundo porque não queria escrever sobre misoginia num campo místico. Mas ao assistir o documentário da Britney Spears pensei mais sobre e resolvi escrever.
Claro que nessa série de drama psicológico o fim explica tudo, eu fiquei meio oi? O que rolou aqui? Mas por quê? Calma, quê?
Enfim, sinto que a série não tem muito para falar, mas sim a se observar.
Além dessa coisa mística, que pode ser autoexplicativo para muitas pessoas, para mim não foi, ainda mais quando usa um elemento funcional que é a misoginia.
Mas por que misoginia?
Olhe bem para a história; um homem com vários problemas, para além da sua sexualidade, que vejo não como um problema em si, mas como maior facilitador para explorar ainda mais as mulheres que se deixam guiar por quaisquer emoção na maioria das vezes, rouba a vida de outra mulher que o tinha como confidente e num ato narcísico ele rouba ainda a vida de uma outra mulher. Tudo isso para quê? Para se sentir amado pelo homem que ele se apaixonou.
A série tem de plano um fundo bem clichê, a Adele, uma moça branca e rica com problemas familiares que é internada numa clinica e interpretada por , daí se aproxima de alguém que seria capaz de entender sua rebeldia, esse alguém é o moço gay , o Rob, que explora sua irmã, vê as drogas como meio de transcender, mas gostaria de ter a vida da moça rica para isso ser melhor visto.
Não contente com tudo isso, ainda escreve uma autobiografia para se fazer presente na vida de outras mulheres e assim colonizando os sentimentos e percepções que elas têm sobre suas emoções e sentimentos, inclusive como se veem.
Caralho bell hooks, você está certa, porque mulheres estão ainda tão interessadas em ler homens tendo eles como verdade supremas e inquestionáveis?
Os homens tomam a ficção como forma de mudar a realidade.
As mulheres tomam a ficção como escapismo.
Isso diz muito, né?
E isso resume quando a Louise entra na história. Tudo que ela sente é colocado em cheque quando Rob entra em sua vida, além dele entrar na sua vida em forma de Adele, ele é mais presente em formato de literatura, porque isso ainda é muito mais forte na cultura da mulher, o que acho que deve ser melhor discutido por mim quando eu terminar de ler o último livro da bell lançado no Brasil; “Tudo sobre amor”.
Bom, na série fica clara algumas coisas, o fato de você ser gay, logo se tornar o maior confidente de uma mulher vulnerável, não muda o fato de você ainda ser homem e ser beneficiado pela cultura patriarcal. Eles se tornam o foco, até mesmo o David, o maior causador disso tudo.
Inclusive no final só me ficou claro uma coisa: o casamento é a maior armadilha para o amor.
Esse filme está na Netflix.
Dê 50 palminhas para que esse texto por chegar em mais locais e compartilhe a resenha com a galera.
Abraços,
@historiadora.radical